sábado, 16 de abril de 2011

Nº 27 A Páscoa

Não vamos dar sugestões para os passeios nos feriados da Semana Santa nem tão pouco dar receitas culinárias ou popagandas de ovos de Páscoa gostosos e baratos...
Vamos fazer uma abordagem original dessa comemoração tão festiva.
Começamos pela etimologia, porque dizem que a etimologia é o verdadeiro. Páscoa vem do hebreu: pessahh, passagem , passando pelo latim: pascha, atis, s. n. No período da Páscoa, comemora-se entre os cristãos a passagem da morte de Jesus Cristo na cruz para a ressurreição.
Pretendemos pesquisar sobre esta passagem na vida de Jesus. O cristianismo oficial nada diz sobre dois períodos da vida de Jesus; o primeiro vai de sua infância até o dia de sua apresentação diante dos doutores no templo e o segundo, desde este acontecimento até o início de sua missão na Terra Santa. O silêncio da literatura cristã acerca desses dois períodos suscitou inúmeras polêmicas que geraram críticas severas a toda a história da vida de Jesus. Muitos, por causa dessa duas lacunas, não hesitam em afirmar que os verdadeiros fatos vivenciados por Jesus nunca foram contados.
Confiamos desconfiando do texto da Bíblia, reconhecemos que ele é uma obra literária, escrito em versículos, cheio de lentes de aumento, metáforas e lacunas.. Repetimos que não temos certezas inabaláveis. Entretanto, procuramos caminhar em direção ao Verdadeiro.
Assim sendo, de acordo com nossas pesquisas em certas histórias religiosas, deduzimos que Jesus foi condenado à morte por motivos políticos. A agitação dos judeus da Palestina , suas esperanças e intençãode se livrarem do jugo romano vinham suscitando grande inquietação em Roma. Os seguidores fanáticos de Jesus o chamavam de "Rei dos Judeus". Isso gerou uma situação gravíssima que foi a causa real de sua crucificação. Jesus pregava um socialismo sagrado, com o qual o imperialismo tirânico de Roma jamais poderia concordar . O divino Mestre continuava curando e ensinando com a maior calma do mundo. Temos que louvar a majestade dessa alma que conseguia agir assim, sabendo o destino que o aguardava.
Sobre sua crucificação e ressurreição, muitos creem e nós cremos que ele não morreu crucificado, encontrava-se muito mal , desmaiado mas o cordãode prata ainda não fora rompido
Explicamos: Tibério enviara a Pilatos com seu selo pessoal um documento, ordenando cancelar o mandado de prisão de Jesus . Pilatos, pensamos que muito feliz porque Jesus anteriormente tinha curado a distância uma doença da sua mão, mandou imediatamente um mensageiro aos encarregados da crucificação, informando-os dessas decisões e ordenando que suspendessem o suplício de Jesus e que se fosse necessário o levassem a um hospital. Foram os Irmãos da Fraternidade Essênia, pessoas de muito prestígio, que tinham intercedido junto ao Imperador para que o absolvessem. Aliás, ele contava com a ajuda desta Fraternidade , à que pertencia juntamente com seus pais, José e Maria, e esta ajuda custou a chegar. Assim, a frase que pronunciou na cruz conhecida como "Eloi, Eloi, lama sabachthani?", traduzida por "Pai, Pai, por que me abandonaste?", em arquivos confiáveis as palavras escritas são: "Heloi, Heloi, lama sabachthani?", "Helios, Helios, por que me abandonaste?" Helios refere-se aos Irmãos do Templo de Helios, onde ele fora iniciado no misticismo. Naquele momento de intenso padecimento, não tinha ciência de tudo que estava sendo feito por ele e, provavelmente, sentiu falta do auxílio dos essênios
Quando tiraram Jesus da cruz, viram que ele ainda estava vivo: o sangue fluía de suas feridas e seus ossos estavam inteiros, apesar da ordem que os soldados romanos tinham de quebrarem os ossos dos crucificados para que não vivessem. Não o fizeram porque o documento de Tibério mandava que salvassem Jesus.
Portanto não houve ressurreição e sim um restabelecimento que lhe foi proporcionado pelos cuidados dispensados por José de Arimatéia , nome citado no Evangelho com os seguintes dizeres:
Havia um homem, por nome José, membro do conselho, homem reto e justo. Ele não havia concordado com a decisão dos outros nem com os atos deles . Originário de Arimatéia,cidade da Judéia,esperava ele o reino de Deus. Foi ter com Pilatos e lhe pediu o corpo de Jesus. Ele o desceu da cruz, envolveu-o num pano de linho e colocou-o num sepulcro, escavado na rocha, onde ainda ninguém havia sido depositado. Era o dia da Preparação e já ia principiar o sábado. As mulheres que tinham vindo com Jesus da Galiléia , acompanharam José. Elas viram o túmulo e o modo como o corpo de Jesus ali fora depositado. Elas voltaram e prepararam aromas e bálsamos. No dia de sábado, observaram o preceito do repouso. ( A Preparação ou a vigília do sábado se contava a partir do por do sol do dia precedente). Lc. 23, 50 a 56.
É fácil descobrir: No domingo, não encontraram o corpo de Jesus na "sepultura" porque José de Arimatéia tinha-o retirado para reanimá-lo.
Seria bom que relêssemos também no Evangelho: O caminho da cruz, Ressurreição, Os discípulosde Emaús, Aparição aos Onze e Ascensão, para comparar o discurso da Bíblia com o nosso, analisando as devidas diferenças e semelhanças.
Onde teria ido viver Jesus , depois que ele apareceu a seus discípulos e apóstolos e levitou ou se projetou envolto numa nuvem luminosa, em sinal de despedida daquele ciclo de sua vida?
No discurso da Igreja, ascendeu, deu-se a ascensão. Foi fácil dar um final feliz e todo mundo ficar satisfeito: "Subiu aos céus, está sentado à mão direita de Deus Pai, Todo Poderoso"...
Só começamos a compreender estes acontecimentos através dos estudos e experimentos místico-religiosos ou parapsicológicos.
Nossa resposta á pergunta que fizemos: Ele foi viver no Monte Carmelo, tinha-se fechado o portal de sua vida pública.
É oportuno esclarecer que, na época do nascimento de Jesus os essênios formavamuma grande fraternidade na Galiléia e que tinham hospitais e albergues em diversas partes da Palestina. Seu templo supremo situava-se no distante Egito e tinham templos menores na Palestina e em outros países. Nazarenos, nazaritas e essênios haviam unido suas forças para uma obra fundamental , à qual muitas autoridades em história religiosa e sacra fazem alusão quando falam dos interesses comuns que ligavam estes grupos. Trata-se da manutenção de um grande estabelecimento, a um só tempo escola, universidade e mosteiro no Monte Carmelo.
Vale a pena ser pesquisada a história do Monte Carmelo que passou a ser um centro sagrado e secreto, isolado e bem protegido, destinado a abrigar uma escola mística. O próprio Pitágoras tinha passado um tempo ali e, em sua biografia, o Monte Carmelo é qualificado de "sagrado entre os sagrados de acesso proibido aos profanos".

Não desprezamos as solenidades cristãs da Páscoa , porque valorizamos mais seu simbolismo que os fatos aqui narrados. Nelas estão, por exemplo, simbolizados: os renascimentos em geral de nossa existência, principalmente a passagem da morte para a vida, o culto a nosso Redentor - Jesus (o Avatar do novo ciclo cósmico), a transcendência ...
É impossível limitar o significado de determinado símbolo a uma definição dogmática.
O povo precisa das celebrações festivas da Páscoa para alcançar o extra-ordinário. A compreensão das coisas divinas não é diretamente acessível à inteligência objetiva.
Desde tempos imemoriais, a tradição usou narrativas simbólicas para veicular o Conhecimento. Temos que percebê-lo através de signos nossos conhecidos, numa elaboração psíquica e espiritual. O importante nos símbolos não é o aparente , é o invisível onde o espaço e o tempo não têm significado.
Em nossas publicações, uma das narrativas simbólicas que já apresentamos foi o mito de Prometeu.
O estudo teórico e principalmente prático da linguagem secreta dos símbolos é profundo e interminável. Cada um tem de procurar meios para realizá-lo e dele advirão muitas vantagens, a maior delas é conhecer-se a si próprio e assim poder conhecer os outros, o mundo e a Deus, como nos ensinaram os gregos antigos.
Condenamos, porém, os imperialismos, o romano, ao qual nos referimos, e todos os outros e também todas as torturas.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

N° 26 Tiradentes

Interrompemos um pouco as reflexões especiais sobre a Prosperidade, para aproveitar as provocações que nos traz o mês de abril, com suas comemorações a Tiradentes e à Páscoa.
Começaremos homenageando Tiradentes. Será também uma oportunidade de nos referirmos novamente à Estética, a ciência do belo ou à ciência das sensações que tem como problema básico um certo gênero de prazer, o que equivale a dizer que é indefinível. O prazer só existe no instante e nada é mais individual, mais incerto, mais incomunicável. O estético é mais sensível que pensável. Percebemos com nossos sentidos o espanto mas não podemos definir o espantável. Pretendemos apresentar a nossos leitores uma possível mensagem estética.

Tentando cumprir nossa proposta, copiaremos, a seguir, o poema "Tiradentes", de nossa autoria.


"Muitas cabeças unidas num só corpo". (juramento proposto por Alvarenga Peixoto, na conjuração mineira).


No final...

o corpo partido

cabeça

tronco

e membros

só os do Alferes,

o Exceto.


No silêncio...

tremem de pavor

cavalos

pássaros

árvores

rio

estrelas

terra salgada

estradas de Minas,

diante do sangue inocente

da carne retalhada

do Morto.


No patíbulo...

ainda vive

entre os fios da corda

a palavra enforcada

de um Brasil

Espoliado.


Na dor...

de cada fome

no desespero

de cada sede

o sangue,

o fígado,

o coração

entregues ao estrangeiro.

As cicatrizes.


Na edênica natureza...

as riquezas

a esperança

destruídas pelos

senhores da pecúnia,

os Abutres.


No sonho...

festa do carnaval

futebol sensacional

reformas políticas

saúde

educação

cidadania

promessas

anestesiam

os Irmãos.


Nas dobras da História...

as sementes adubadas

pelo povo

ainda enforcado.

Flores e frutos

AINDA

uma Utopia.


Todos somos Joaquim José da Silva Xavier

Joaquim José da Silva Xavier.


Libertas quae sera tamen!


Agora, como transcreveremos os "Imaginários de Aninha (Dos Autos da Inconfidência Mineira)", da autoria de Cora Coralina, vamos dar ligeiras notas biográficas da poeta.

Ana Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas nasceu na cidade de Goiás em 20-8-1889, viveu muitos anos em São Paulo, faleceu em Goiânia em 10-4-1985.

Teve 4 filhos, criou-os e mais uma filha do marido com uma índia, ajudava em solteira a mãe a lavar roupa para fora, foi doceira e poeta.

Sua extensa obra literária é uma prosa poética excelente e de fácil leitura.

Vamos ver o que nos diz Paulo Bonfim, um poeta falando de uma poeta:

A Cora Coralina

Cora-Coragem,/ Cora-Poesia,/ Cora-Palavra,/ Cora-Protesto,/ Cora-Justiça,/ Cora-Paixão,/ Cora-Mulher!/ Na inquietação-Coralina,/ Na procura-Coralina,/ Nos combates-Coralina,/ Nos Goiases-Coralina!/ E de Cora Coralina/ É o verbo que se fez verso!/ Ave Poesia, cheia de graça,/ Nave Goiás-Anhanguera,/ Bênção Cora Coralina!

A seguir, o citado poema de Cora Coralina:


Sonhava com as ladeiras de Ouro Preto.

E no desvão de um beco

Me encontrei na frente de um vulto estranho, desusado,

Trêmulo, de um velho medo do passado.


Perguntei o que fazia ali parado.

E ele me disse num jeito amendrotado

Ser o fantasma de um Inconfidente deportado.


E me contou do ideal antecipado

Da liberdade cerceada.

Da sede de uma independência fracassada

E que viria trinta e dois anos mais tarde,

Não em conluio de reuniões furtivas

E sim, numa cavalgada histórica e festiva.


E veio a delação. Os medos, aquela confusão.

Prisões. Suicídio, ocultos e fugitivos apavorados.

A masmorra sombria. Todos se acusando.

Negando o grande gesto. Acovardados.


Um, entre tantos, aceitaria a pesada culpa,

Do plano malogrado.

E quem agitou o quepe engalanado

E sacou da espada fulgurante,

Não foram mais os românticos renegados.

E sim, um descedente

Da mesma soberana que alguns lustros antes,

Mandara esquartejar o cadáver

Enforcado de Tiradentes e deixá-lo em postes ignóbeis

Por vilas e cidades,

Nos caminhos de Vila Rica.

Hoje, Patrono das Polícias Militares

Consagrado no Thabor da posteridade.


E aquela que assinou a sentença infamante

E mandou destruir e salgar o chão de sua casa,

Está assinalada: D. Maria I - A louca.

Os que sobreviveram, deportados pelas terras negras da África,

A história vai esquecendo, inexoravelmente,

Seus nomes, seus medos, suas covardias.


Nos autos revisados da Independência

a sombra romântica de Marília.


É claro que os eruditos teóricos da literatura veem muitos defeitos na obra da Drª Cora Coralina. Doutora em ajudar seus semelhantes!


A próxima postagem será sobre a Páscoa. Aguardem.








Libertas quae sera tamen !