sábado, 14 de agosto de 2010

N º 16: Mitos e Ídolos

Que vem a ser um mito? São tantas as respostas! A nossa preferência recai no seguinte: Mito é a representação simbólica das lutas interiores e exteriores realizadas pelo homem, no caminho de sua evolução, na conquista de sua personalidade e na satisfação de seus desejos.



Este é:



fantasioso- apela para as forças da imaginação;



pouco lógico- não tem coerência interna, é contraditório;



explicativo- se não tiver por função explicar algum fenômeno, alguma coisa, não é mito.



Idolos são pessoas idealizadas e detentoras de poderes e atitudes com quem uma boa parte da população se identifica e nas quais se projeta, por relizarem aquilo que cada um gostaria de fazer e não consegue ou que apresentam defeitos que cada um ama e teme ao mesmo tempo e que não tem coragem de reconhecer em si. É o público que fabrica o ídolo e que o cultua e o destrói. O ídolo serve para substituir a si próprio numa autoadoração ou autocastigo.



São os deuses, os olimpianos. as vedetes da sociedade. Há os ídolos do esporte, da canção popular, da televisão, da política etc. Na política, por exemplo, o Lula, nosso presidente, já citado no blog nº 1, é um deles. No futebol, Pelé, a que já nos referimos no blog nº 15. Dos estrangeiros chama a atenção, como cantor, Michel Jackson, americano. O leitor pode dar muitos outros exemplos.



Em nossa idolatria, queremos que nossos ídolos sejam os mais belos, poderosos e sábios do mundo. Já que não temos suas qualidades, nossas frustrações são, em parte, aliviadas, as tensões são recalcadas. E, quando descobrimos seus insucessos ou nos conscientizamos que somos inferiores ao retrato sonhado, nos decepcionamos amargamente. São, portanto, uma faca de dois gumes.



Os padres, os pastores, os ricos, os pobres, os gordos, os magros, todos imitamos os ídolos. Para conservarmos nossa boa aparência até depois de mortos, inventamos a necromaqiagem e a tanatoplastia. Há uma verdadeira prostituição da aparência. E o comércio leva as vantagens.






Os mitos são inúmeros e de qualquer nacionalidade. A mitologia, isto é, a narrativa que estuda os mitos é interminável.



Alguns poucos exemplos:






1. O homem tem idealizado o fim do mundo desde que tomou consciência dele. As antevisões de catástrofes assolam de preferência as sociedades em crise. No fundo, é uma desadaptação às transformações geográficas e sociais, é o horror ao desconhecido existente no enfrentamento das mudanças. A queda de sistemas sociais ultrapassados, a dos grandes impérios, as perturbações climáticas, as guerras podem levar algumas pessoas a pensarem que o mundo marcha para um fim catastrófico, apocalíptico. Frequentemente essas visões horríveis são a matéria-prima da eleboração dos mitos. È preciso lembrar que nossos pensamentos têm força. Se persistirmos na idéia que vem o fim do mundo, ele virá mesmo.






2. Os gregos primitivos afirmavam que a Terra era sustentada no espaço nas costas do gigante Atlas. Este estava em cima de uma tartaruga. E esta? Não se fazia esta pergunta.




Imagine o choque que o povo sofreu coma as pesquisas de Galileu Galilei, afirmando que a Terra não era o centro de nosso sistema planetário e sim o Sol. Não éramos mais o centro, que humilhação! E quanta instabilidade! Galileu se livrou por pouco de ser queimado pelo Tribunal da Inquisição.




3. Os trabalhadores quase sempre são Atlas, suportam sobre seus ombros todo o peso do mundo. Nós, os professores, os escritores, os artistas, os filósofos e todos que trabalhamos com paixão e ardor, além disso, podemos nos representar pelo mito de Sísifo.


Rei e fundador da cidade de Corinto, Sísifo, após sua morte, considerado culpado pelos deuses, foi condenado a eternamente empurrar pela encosta de alta montanha uma pesada pedra, que sempre cai antes de chegar ao cume. Ele desce a encosta e recomeça seu trabalho, sem mesmo um instante para descanso, dia após dia. Tentamos superar nossa condição, como este mito. Nosso heroísmo consiste em aceitar semelhante esforço. Cá estamos nós até hoje, empurrando nossa pedra.


Destinado à morte, o ser humano sonha com a imortalidade. E sentimos a felicidade que nasce da aceitação de nossa tarefa. Pela transcendência do fardo do trabalho, experimentamos o prazer do trabalho criativo. Trabalhar é nossa alegria profunda, é o sentimento de reencontro com a liberdade e com a certeza de que teremos de recomeçar, recomeçar...


Sísifo é o patrono dos operários do verbo, é o nosso patrono. Moldamos as palavras como ele leva a pedra para o alto da montanha.


Há uma poesia de Baudelaire que diz:




Para erguer peso tão pesado,


Sísifo, seria preciso tua coragem!


Embora se ponha o coração na obra,


A arte é longa e o tempo é curto.




4. A Bíblia também é constituída por mitos, são os mitos judaico-cristãos. E para acreditar na estorinha que diz que o homem vai dominar sobre as outras criaturas, só podemos fazê-lo, se confiarmos em nossa consciência que nos permite transcender.






Nenhum comentário:

Postar um comentário

Faça me critica construtiva.