domingo, 1 de novembro de 2009

Nº 8 Dialogismo

Flamboyants se enfileiram no espaço urbano. Na primavera e já anunciando o verão, alegres e nos alegrando com a exageração de seu vermelho. Um dia, eles nos inspiraram o seginte poema já publicado no livro de poesias Laços:
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Procuro em cima do muro as flores de fogo
só há galhos murchos em vez das flores de fogo.
A voz da cachoeira, dos pássaros, da brisa confirma:
"O processo não falha, voltarão as folha de fogo".
Nem pétalas, nem vermelho, nem olores
no inverno da vida , também espero pelo fogo das flores.
Vão embora no outono e voltarão no verão. Sinalizam o movimento cíclico do mundo: o dia e a noite, os meses e as estações do ano, o nascimento, a morte e o renascimento et coetera. Vão e voltam. Expandem-se e contraem-se.
Podemos comparar com o movimento cíclico descrito no Bhagavad Gita se bem que neste há a incalculável magnitude de 4.320.000 anos solares entre uma expansão e uma contração.
O Bhagavad Gita é o livro sagrado do hinduísmo. O período de fluxo e refluxo eterno é nessa religião denominado Kalpa. Trata-se do período de atividade criadora que se repete cada 4.320.000 anos solares. Chamam também este fenômeno Dia de Brama ou Respiração de Brama. O deus Brama inspira mundos e expira mundos.
Diz o deus Krishna: Ao terminar a noite de um tempo, todos os seres e todas as coisas retornam a mim: ao início do novo dia de outro tempo emano de mim todas as coisas e todos os seres, dando-lhes nova existência.
Saindo do Oriente para voltar ao Ocidente, vamos ouvir Pitágoras (582-497 a. C.), um dos maiores filósofos pré-socráticos. Seus ensinamentos são herméticos, de difícil entendimento mas a teoria que chamou de tetractys é um pouco mais acessível e está em consonância com o que estamos escrevendo. Ele diz que o Um se irradia e se torna múltiplo. Dessa UNIDADE nasce a pluralidade, a diversidade, o antagonismo aparente. Depois contraindo-se, reúne-se novamente no Um. Para a Escola de Crotona essa transcedente metafísica é representada pela "tetractys": 1+2+3+4=10. Dez é o numero perfeito, por representar o Um multiplicando-se , expandindo-se, depois contraindo-se até formar nova unidade: 10-4-3-2=1.
O ritmo de nascimento e morte, expansão e contração, fluxo e refluxo é eterno e repete-se em todas as manifestações naturais neste nosso planeta Terra. É a "Lei do Eterno Retorno", que às vezes se verifica em períodos de tempo incomensuráveis e por nós desconhecidos.
A "tetractys" de Pitágoras demonstra este fenômeno matematicamente e podemos observar que seu simbolismo generaliza-se.
Por exemplo, está presente no Gênesis através do mito de Adão e Eva, os arquétipos da humanidade. O casal-símbolo foi tentado pela compulsão do conhecimento a provar o fruto da árvore do Bem e do Mal, o saber secreto que daria ao homem os poderes para os quais ainda não estava preparado. Foi expulso do paraíso, onde vivia em estado de imaculada pureza e decaiu nas trevas do materialismo, do erro e da provocação. Saiu do inconsciente e retornou em espiral evolutiva, purificado para a luz da consciência, do conhecimento do Bem. Executou o caminho do Um de sua origem para o múltiplo de sua individualização e voltou à unidade.
Vale lembrar que as histórias bíblicas são mais simbólicas que uma descrição verídica dos fatos. Os mitos da Bíblia encontram-se também no fundamento de outras religiões da antiguidade, na doutrina dos filósofos iniciados e no cristianismo.
O dilúvio foi uma tsunami quando não havia a mídia para noticiar e explicar o fato nem havia os atuais conhecimentos da geologia. Outros inúmeros exemplos semelhantes podemos encontrar, se nos dispusermos a pesquisar a simbologia religiosa.
É importante saber que não são afirmações mentirosas, são alegorias que ocultam um significado profundo.
A respeito do movimento cíclico, comentado com apoio no Bhagavad Gita e na teoria de Pitágoras, o filósofo Heráclito (540-470 a. C.), referindo-se ao núcleo de energia universal, diz que é a "fonte principal inesgotável da qual tudo brota e à qual tudo regressa". Sobre a lei da transformação do ser, diz: "Toda morte é nascimento numa nova forma, todo nascimento, a morte de uma forma anterior; todas as coisa se transformam a cada momento, nada é estável, tudo está em eterno movimento".
Uma das diferenças entre Heráclito e Pitágoras, ambos gregos e pré-socráticos, é que o último se ligou a teoremas matemáticos e a dogmas religiosos como a metempsicose ou transmigração das almas. Ele revitalizou a religião órfica, criando um movimento religioso que corresponde, na época cristã, ao que se pode denominar espiritismo: "Tudo que nasce torna a nascer nas revoluções de um determinado ciclo, até se libertar efetivamente da roda dos nascimentos".
Já Parmênides baseava-se na crença de que a realidade é eterna e intemporal, era o Ser , e por conseguinte, toda mudança é ilusória. Daí infere que não existe o que chamamos de movimento das coisas. Resumia sua filosofia em: o Ser é e o não ser não é. Sua mentalidade era metafísica.
Mas se notamos as mudanças e a impermanência nossa e do mundo em geral é bom que as encaminhemos para que nos levem a autotranscedência que inclui a evolução e a criatividade.
É preciso observar que o nosso sistema sócio-político é ecocida, geocida e homicida. Nele presenciamos as "Infelizes mutações" como as seguintes:
A árvore solitária,
no alto do morro ,
está contorcida.
As raízes à mostra.
A máquina de fabricar edifício
em ação.
A árvore já caiu.
Quase ninguém viu o óbvio.
Caiu agora.
Os galhos ainda não secaram,
se esticam e dão o último
adeus.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

N° 7 No Jardim - continuação

Foto n°1


Foto n°2


Foto n°3


Foto n°4



domingo, 11 de outubro de 2009

Nº 6 No Jardim

Tiramos fotos evidenciando algumas de nossas afirmações no blog nº5 e, ao mesmo tempo, apresentando a magia que existe neste laboratório alquímico, nese espaço encantador, que se chama jardim. Por motivos técnicos, neste, faremos só as referêncisa verbais, no blog seguinte, o nº 7, publicaremos as fotos.
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Foto nº 1
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Folhagem prateada qual vestimentas exóticas de dançarinos indígenas, ao ritmo de tambores invisíveis, movidos pela brisa da praia de Itacoatiara em Niterói. Num jardim, formado e mantido por muito queridos amigos nossos. As plantas emolduram uma varanda onde degustamos fiosofias, queijos e vinhos. Viceja o amor filia e o amor ágape (universal). O jardim fica na Rua das Camélias, nome de uma flor, que é o símbolo da liberdade. E nada existe mais livre que a filosofia, ela nos permite sempre olhar por outro ângulo. Por isso, os filósofos Sócrates (470-399 a.C.), Platão (428 ou 427-347 a.C.) e Epicuro (341-271 a.C.) se reincorporam e comparecem a nossas reuniões... Energia positiva - grau 10.
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Foto nº 2
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Jardim suspenso, para nós uma das maravilhas do mundo. É sempre possível o cultivo de plantas num canto de sua casa ou apartamento. Experimente. A fragância, o colorido. o bom gosto vão fazê-lo feliz. Você não pecisa pagar para que outros façam seus arranjos florais. Faça você mesmo sua decoração!
A casa é sua e, segundo Bachelard, é um elemento de poderes integrativos dos pensamentos, lembranças e sonhos do homem. É ela que impulsiona o passado longínquo, oferecendo-nos a proteção e o equilíbrio necessários para viver o presente e preparar o futuro. Deve ser um ambiente agradável. As plantas floríferas ou não, todas nossas irmãs por divina genealogia no Amor do Ser Essencial, trazem à casa: beleza, harmonia e paz.
De um modo geral dentro ou fora de casa, elas nascem, crescem, desabrocham e morrem. Cumprem sua função e deixam de existir como plantas "vivas", apodrecem, se decompôem no solo, podendo nascer outra vez. Como nós manifestam-se, num sistema físico-químico transitório,o cumprimento de uma função necessária na vida do Ser Essencial. Unidos a elas, descobrimos que a casa, o jardim, a fragância, as cores, a vida, o amor universal (ágape) estão principalmente dentro de nós. Não passam só pelo corpo, pulsam em outras veias. E, então, sorrimos grande porque Deus está conosco, juntinho, ao nosso lado.
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Foto nº 3
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Flores num canteiro da megalópole - Após a chuva, o asfalto molhado refletia o céu azul, o mar prateado refletia a luz do sol. Realidades dos reflexos ou reflexos da Realidade? A pedra do Índio em Icaraí, Niterói, colabora com o show humano e da natureza.
Não houve retoque na fotografia. Parece mentira: ela reproduz a paisagem que os olhos de Nando descobriram. O mesmo acontece com as outras fotografias. Nando tem uma supercompetência para descobrir ângulos inéditos fotografáveis. É o seu darma.
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Foto nº 4
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Um jardim aquático, presente dos céus: pedras, água do mar, musgos, algas, garça, mexilhões. Vida! Ainda há esperança de sobrevivência. Até quando?
Contivesse o só momento, o milagre de transmutar a profecia apocalítica. O horizonte do além renascido, o porto do céu aberto, o amor na Terra e não a mentira de ser perto. Haveria!
A linguagem poética nos empolgou e resolvemos saudar a Primavera, a atual estação.
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No mais rigoroso inverno, finalmente, aprendemos que existe em nós uma eterna primavera. Eis sua canção:
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Pipocar rebentar regurgitar libertar
iluminar esquentar renovar florescer
cantar bailar embriagar extasiar
nascer reconciliar irmanar viver
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reencontrar
a maior beleza
a maior riqueza
o ouro do sol!
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Primavera, a obra prima
vera comunhão
que vence o inverno
prima, vera vida.
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Sempre a brotar
de dia, de noite, nas igrejas, nas praças, nos lares,
nos corações dos homens e das mulheres.
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É primavera
na música colorida das ruas, na algazarra dos bares,
no segredo dos passos apressados, no perume dos bailes,
no mistério das estrelas, no sabor do primeiro beijo de amor,
sempre, em todas as partes, na alegria e na dor.
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É primavera
no choro velado, nas bocas amargas em silêncio,
nos olhinhos dourados do menino descalço,
nas mãos lúbricas da prostituta,
nas lágrimas do velho encarcerado...
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Apesar de...
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A manhã está clara e nós, de nossa varanda,
vemos o Dedo de Deus!
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É verdade, daqui de casa, avistamos o Dedo de Deus em Magé. Fato sem a foto que nos leva a meditar.

sábado, 5 de setembro de 2009

n°5 O JARDIM

1. ECOLOGIA
A ecologia é uma das grandes e inadiáveis preocupações de nosso século. São urgentes as medidas para salvar a vida no planeta Terra. Tornaram-se comuns as caminhadas ecológicas, o uso da Internet para se evitar o gasto com o papel impresso, a campanha para não se usar o plástico. Até os financistas preferem as efígies das notas representando animais: o macaco, a onça, a tartaruga, a arara etc. viraram vedetes e ocupam o lugar dos políticos, dos heróis, já tão desacreditados! As capas dos carnês de cheques prestigiam belíssimas variedades de plantas. A mesma preocupação se nota na televisão, nos jornais, nas escolas, nas medidas administrativas em geral e assim por diante.
2. AS FLORES
Coincidindo com os ideais ecológicos, vamos destacar nossa predileção pela plantas, nosso encantamento por um jardim.
Sentimos mais alegria em contemplar um buquê de violetas com suas pétalas tecidas no céu que em ler qualquer livro de Filosofia. Olhando para um mal-me-quer/bem- me-quer, que invade os terrenos baldios e floresce em nossos dias de incertezas sentimentais, indagamos qual a ciência, qual a tecnologia que consegue criá-lo.
As plantas além do valor ornamental possuem outros valores assim é o medicinal que exigiria um enorme site para seu estudo.
Ainda desejamos citar sua ajuda para prevenir e controlar o ataque de pragas e doenças, pois apresentam propriedades repelentes e até inseticidas, como a arruda, a losna e o coentro. A hortelã e o gerânio afastam formigas e a capuchinha afasta os pulgões.
É verdade que as ervas daninhas nos ensinam lições à parte. São como nossos maus hábitos, persistem fortes. Temos que arrancá-las pela raiz se quisermos controlá-las e quando pensamos que se extinguiram, um broto vigoroso surge em um lugar inesperado. Temos que combatê-las sempre, para defender as plantas úteis que são muitas e nos ensinam diversas virtudes, com as quais nos ocuparemos um pouco mais adiante.
De todas as virtudes, parece-nos que a capacidade de adaptação e de sobrevivência nos lugares mais insólitos seja a mais admirável. Ficamos extasiados ao vermos uma plantinha brotando num muro, pedindo licença para voltar a ocupar o lugar que é seu por direito. A natureza é pródiga e basta dar-lhe uma oportunidade para que transforme nossos ambientes áridos em harmoniosos locais cheios de belezae graça.
Teve muita razão o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade(1902-1987), um dos maiores de todos os tempos e lugares, quando se enterneceu com uma flor que nasceu no asfalto. Narra o fato em seu poema "A flor e a náusea" do livro Rosa do Povo, nas 3 últimas estrofes. Tenhamos o prazer de lê-las:
Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rios de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios
garanto que uma flor nasceu.
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Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.
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Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura .
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.
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Filosoficamente lindo!
(In Reunião, Livraria José Olympio Editora, 1969).
3. UM LABORATÓRIO ALQUÍMICO
A planta é a pedra filosofal que transforma o chumbo da poluição no ouro do ar puro. Sua seiva é o elixir da longa vida.
O jardim é o laboratório alquímico, onde aprendemos a cuidar da natureza e de nós mesmos. Podemos observar o desenvolvimento de cada planta sem procurar apressá-la. Temos que aprender a cultivar junto paciência, persistência e humildade. Em cada estação, necessidades diferentes se apresentam e requerem atenção. Há tempo de plantar, há tempo de podar e limpar, há tempo de extasiar-se e há tempo de colher. Parte da magia do jardim vem do trabalho que fazemos com nossas mãos.
Francis Bacon(1561-1626), filósofo que sistematizou o método indutivo e experimntal, comparou a doce respiração das flores na atmosfera com a harmonia da música e que nada pode deleitar tanto como sentir este perfume.
Esse laboratório mágico pode ser cultivado em qualquer área: no parapeito da janela, no canto da sala, na varanda etc. Sentir os cheiros, observar as texturas, surpreender-se com a exuberância das folhagens e das flores é também vivenciar Deus se manifestando, o que sempre acontece quando existe amor. Amor rima com flor. Com certeza, Deus está presente em cada jardim que conhecemos.
Há maior riqueza em alguns metros quadrados de jardim do que em todos os poços de petróleo que poluem a atmosfera e levam a tantas guerras. É a sensibilidade para este tipo de riqueza que deveria nortear as ações humanas. Precisamos descobrir o coração de jardineiro que existe dentro de nós. Aí teremos a certeza que a primavera sempre volta e tudo reverdece outra vez.
À nossa amiga maranhense, a escritora, enfermeira e "jardineira" que merecidamente se chama Flora.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

n.4 FILOSOFIA E FELICIDADE

1.Preâmbulo

Anna leu para mim seu poema: A teia

A aranha tece a teia.
A teia me tece.
Em todo lugar, a teia da aranha
me arranha
e me põe na tecedura do texto.
Texto é teia que me arranha
e com que arranho.

_ Ótimo, Anna. vamos a nossa teia.

As filosofias do ensino acadêmico giram quase sempre em torno de três eixos hipnoptizantes: origem-fim, natureza-sociedade, imanência-transcendência, mas tornam-se alienantes e opressivas porque são frias e não se abrem para a simultaneidade dos 6 polos. Falta-lhes às vezes a ética e, quase sempre, a estética. São rançosas, não têm um sabor agradável.
Procuramos tirar-lhes o ranço, não somos os primeiros, muitos outros já o tentaram.
Como já dissemos o blog "A Filosofia: o Saber com Sabor" seguirá em parte a linha do filósofo Epicuro, o erudito do prazer. Nossa preferência recairá em sua afirmação que a felicidade é o principal objetivo da vida.
Ele nasceu em 341 a.C. Pobre, teve uma existência difícil, numa Grécia subjugada e sacudida por diversas guerras e invasões. Após uma vida de ascetismo, serenidade e doçura, apesar da saúde extremamente abalada, com cálculos nos rins, morreu em meio a seus discípulos em 271 a. C. Foi, portanto, um pós-socrático.
Sócrates, a mais notável figura do pensamento helênico, viveu de 470 a 399 a.C. Achamos interessante transcrever os seguintes diálogos que Sócrates teve com Péricles, o presidente de Atenas, no século IV a.C.
P. _ O que é o saber?
S._ Eu sei que não sei nada. Mas este humilde conhecimento põe-me acima de quem sabe alguma coisa.
De outra feita:
P._ Sócrates, quero convidá-lo para assumir um posto no meu governo, pois preciso de muitos construtores para construir Atenas.
S._ Dignai~vos dispensar-me, presidente. Só construo homens. Eles têm que mergulhar os olhos no âmago de si mesmos, devem aprender a guiar a parelha de jaezes de sua alma, descendo a escada do bem e do mal, num passo conveniente. Cumpre-lhes adquirir a sabedoria mais elementar e mais difícil que diz: "Conhece-te a ti mesmo."
Cuidai vós de construir Atenas, Péricles, que eu estou construindo o ateniense.
Abrimos estes parênteses para localizarmos prazerosamente Epicuro na célebre filosofia grega antiga.
2. Um certo epicurismo moderno
Será este o nosso método, isto é, o caminho que seguiremos, tomando, por base o epicurismo atualizando-o e sem escravizar-nos a ele. Ora, fomos nós que afirmamos que não temos certezas inabaláveis. Não temos idéias fixas, consideramos a filosofia uma permanente interpretação e retificação de si-mesma. Nunca chegaremos a uma conclusão definitiva.
Buscaremos livros, hábitos, crenças, filmes, exemplos vividos, tudo que melhore nossa qualidade de vida para produzirmos mais e melhorarmos o mundo.
Ser epicurista não é correr atrás da felicidade. Ser epicurista é:
Não temer o divino nem a morte.
Viver com simplicidade e temperança.
Buscar o saber com sabedoria.
Fazer amigos e ser um bom amigo.
Ser honesto em seus negócios e em sua vida particular.
Satisfazer os desejos naturais.
Viver em perfeita harmonia com a ordem cósmica.
Sabemos que a felicidade está também na vida interior, sentimos a beatitude do Jardim de Epicuro, mesmo vivendo na época do frenético desenvolvimento capitalista. Evitamos os prazeres fugazes e ilusórios que se transformam em sofrimento. Mesmo no imenso e incessante acúmulo de mercadorias nesta época da "civilização " materialista, podemos adotar um estilo de vida epicurista.
Ninguém é feliz porque encontrou a felicidade. As pessoas são felizes porque encontram o significado de sua própria existência. A felicidade não é um objeto a ser perseguido, mas a consequencia de uma vida com sentido. Esta verdade pode ser confirmada na vida e na obra de Viktor Frankl, psiquiatra e psicólogo austríaco, criador de um método de tratamento psicológico que denominou logoterapia, uma das dissidências da psicanálise freudiana surgidas em Viena. Nasceu em 1905 e faleceu de parada cardíaca, em 1997, em Viena. Era judeu. Passou por quatro campos de concentração alemães entre 1942 e 1945, inclusive os de pior fama como o de Therezin (1942-1944) e o de Auschwitz (1944). Quando chegou em Auschwitz-onde morreriam sua mãe e seu irmão-, teve os manuscritos de seu livro destruídos. Mais tarde foi transferido para Kaufering und Tuerkheim (extensão dos campos de Dachau). Durate os anos de cativeiro, Frankl teve a sustentá-lo seu grande interesse pelo comportamento humano, concluindo depois que esse interesse o havia salvo e que aqueles companheiros de prisão que tinham uma esperança e davam um significado a suas vidas predominavam entre oas sobreviventes da selvageria e da fome a que todos tinham sido submetidos. Sobreviveu não apenas aos maus tratos e à fome, mas ainda a um ataque de febre tifóide, no último campo em que esteve internado. É oportuno comentar que em seu livro A presença ignorada de Deus
empiriamente mostra ao leitor como há no ser humano uma religiosidade e relação com Deus a nível inconsciente. Define esta situação como "a presença ignorada de Deus".
Não vamos discutir o ateísmo de Epicuro porque desejamos que cada um descubra o significado de sua vida e o Deus de seu coração. As possibilidades são muitas: através da religião (é o religare), e/ou de sociedades iniciáticas e/ou da psicoterapia. Este e/ou pode prolongar-se, por exemplo, do Surf, do Flamengo, da Arte, de sugestões da Televisão, da Internet, de Livros, de um Amigo, de um Animal et coetera. O importante é não formar compartimentos estanques, saber concatenar seus conhecimentos, suas experiências, não correr aflito sem direção. Nunca podemos aceitar tudo o que nos é oferecido. É imprescindível uma vigilância sem trégua para ser feliz e alcançar o sucesso, pois o sucesso é ser feliz como disse Roberto Shinyashiki.

terça-feira, 14 de julho de 2009

n° 03




Cidade utópica: Pequena, baixa densidade demográfica. Sem poluição; relacionamento humano, nota 10; zero crime. Mas, existe. Talvez um exemplo para aliviar nossos problemas, antes que o Planeta Terra entre em extinção.
INCONGRUÊNCIAS DA SOCIEDADE MODERNA
São um sinal que a tão desejada paz ainda está muito difícil de ser alcançada. Cabe-nos descobrir as causas.
Eis algumas das incongruências:
_ Um caminhão fazendo a propaganda de alimentos saudáveis corre tanto que atropela uma criança.
_ Um produto alimentício avisa que não leva gordura, mas oferece uma receita de almôndegas fritas.
_ As coisas valem mais que o homem. A internet, a televisão, o celular, o automóvel et coetera valem mais que a criatura humana. Estamos coisificados. Tudo virou mercadoria.
_ Sexo explícito nos filmes, nas novelas. Cenas provocantes. Revistas incentivando a libido. Mas... tenha cuidado com o vírus da aids: use CAMISINHA. "Chupe bala" embrulhada no papel!
_ Pratos deliciosos estimulando o consumismo. Entretanto, olhe sua taxa de glicose e de colesterol. Feche a boca! Corra, malhe, faça hidoginástica! Seu corpo tem que seguir os padrões dos olimpianos dos meios de comunicação de massa.
_ UNS TOMAM INDIGESTÃO, OUTROS MORREM DE FOME.
_ Não existem mais distâncias geográficas, os homens se engolem reciprocamente.
_ Oficina disso, daquilo. O animador fala sozinho quase o tempo todo.
_ Diálogos são monólogos paralelos.
_ As mulheres casadoiras, as vaidosas tiram a gordura da barriga e colocam no bum-bum. Glúteos volumosos dentro de uma roupa apertadinha são o máximo.
_ Também, conforme a moda, tiram o seio ou botam o seio de silicone ou usam sutiãs com enchimento. A metade do seio de fora, pois os decotes estão ousados. Chegou a moda do seio grande! Não sei o que sentem as pessoas que têm problemas advindos da fase oral da infância. Mas sei que cirurgiões plásticos, empresas ricas e poderosas, confecções tiram o pé do lodo e ganham fortunas. Estenda sua crítica a outra modas.
_ Madames batem papo sobre seus cachorros de pedigree: ele estendeu a patinha, balançou o rabo, parecia chorar... E se esquecem das crianças, dos velhos, dos doentes.
_ Criam-se gatinhos enquanto os filhinhos querem brincar com eles. Quando não querem mais, levam os gatos para o Campo São Bento. Isto não é bento!
_ Em calçadão e calçadas para pedestres, circulam ciclistas em alta velocidade. Um bateu numa senhora e lhe quebrou o fêmur. Outro desrespeitou o sinal e machucou gravemente o joelho de Anna. Não existem leis do Detran para eles. E estão "narcotizados", não percebem mais sua lei interior.
_ Muita informação, nenhuma concatenação, nenhuma reflexão.
_ Que é a civilização? Não sei. Será a coisificação, a massificação, a automatização, a comercialização, a corrupção, a injustiça? Os ídolos da sociedade técnico-burocrática de consumo dirigido, os artistas da mídia incentivam estes fenômenos e o padronizam. O homem se torna um fantoche padronizado, ávido de prazeres efêmeros.
Somos Um e nos perdemos na multiplicidade da aparência.
Não queremos dar receitas. Sabemos, porém, que está na hora de "ajustar as velas".
Precisamos com urgência de seres humanos tão racionais que compreendam que sua realização pessoal está atrelada à vazão de suas emoções. É na emoção que encontramos a razão de viver. E é só na desautomatização que ouvimos e seguimos a voz de nosso coração.
Na atual conjuntura, temos que procurar o verdadeiro papel da filosofia que é nos dar um olho universal, para vermos, discernirmos e julgarmos todas as coisas. Os filósofos poderiam nos ensinar, mas a maioria não conhece as modernas leis da comunicação, usam uma linguagem abstrata e hermética. Urge abolir as doenças do ensino acadêmico. E só a filosofia não nos basta, carecemos da política e da religião. Falar em transformar o mundo é fácil, fazer é que são elas.
Entretanto, sabemos que o caminho está na grande harmonização cósmica. E, para não ficarmos só na abstração, vamos citar uma linda experiência do filósofo indiano, Sir Rabindranath Tagore, 1861-1941, sintonizando-se com a música das altas esferas:
"A noite passada, no silêncio que permeava a escuridão, procurei a solidão e ouvi a voz do cantor de melodias eternas. Quando fui dormir, fechei os olhos com este último pensamento em minha mente, de que mesmo quando permaneço inconsciente no sono, a dança da vida continua na arena silenciosa de meu corpo adormecido, mantendo seu ritmo com o das estrelas. O coração pulsa, o sangue salta nas veias e os milhõs de átomos vivos em meu corpo vibram com a nota da harpa que estremece ao toque do mestre." (Sadhana, Copyright 1913, 1932, 1935 de The Macmillan Co.).
Parece impossível tanta evolução e parece impossível a realização da utopia que definimos no blog n° 02. Tenhamos fé e confiança que o conseguiremos. Ora, a utopia de direita de uma sociedade do "vigiar e do punir" infelizmente se tornou uma realidade. Por que a nossa que é justa, humana e nos levará ao aperfeiçoamento não pode realizar-se?
Tiraremos umas férias de dois meses e voltaremos a publicar nosso jornalzinho, sempre seguindo a direção da filosofia de Epicuro e da Psicologia de Viktor Frankl, o que vamos esclarecer melhor. Sempre buscando o sabor do saber.






segunda-feira, 6 de julho de 2009

n°2

O SABER COM SABOR

Como demonstramos em nosso jornalzinho de estréia, sentimos o desejo de conhecer uma verdade superior, para além do sensorial e do inteligível.
Nesta vida, quase todos os desejos podem ser saciados. Tenho fome? Posso comer. Estou com sono? Posso dormir. Preciso de ar? Respiro e ele penetra nos meus pulmôes. Sinto fome das mais elevadas verdades? Por que não haveriam elas de me serem dadas, como o resto, já que o desejo está em mim? Seria muito estranho que a condição humana visse muitos de seus desejos saciados, exceto o do saber superior.
Será possível já no presente, obter-se um sinal desse saber? Constantemente, o sinal nos é fornecido. É só aprender a decodificá-lo.
Por exemplo, quantos desastres em que dezenas de adultos morrem e só uma criancinha se salva! Ela recebeu um comando de origem desconhecida, por um breve instante recebeu um súbito conhecimento.
Este fenômeno de premonição, entre muitos outros, revela que a mente human é muito mais vasta que a idéia que ela faz de si mesma. Referimo-nos a uma concepção da Consciência Suprema, infinita, que existe no interior do ser humano.
Aqui e ali, cá e acolá, o homem, se não estiver anestesiado, defronta-se com uma intenção diretora que o transcende e o deixa estupefato. Ela é que faz as jabuticabas nascerem agarradinhas no caule e a abóbora junto do chão. Ela é que nos brinda com árvores sonoras, cheias de passarinhos cantando et coetera. Você já viu? Já vimos, apesar de...
UTOPIAS
Se somos capazes de comunicar-nos com a Consciência Suprema, podemo desejar a Paz.
Rezemos esta oração escrita por um autor desconhecido:
Deus de todos os seres humanos, Deus de toda vida,
Na humanidade com que sonhamos:
Os políticos são profundamente humanistas e trabalham a serviço do bem comum,
Os economistas geram as finanças dos Estados com discernimento e no interesse de todos,
Os sábios são espiritualistas e buscam sua inspiração no livro da natureza,
Os artistas são inspirados e expressam em suas obras a beleza e a pureza do Plano Divino,
Os médicos são motivados pelo amor ao próximo e cuidam tanto das almas como dos corpos,
Não há mais miséria nem pobreza pois cada qual tem aquilo de que precisa para viver feliz,
O trabalho não é mais vivenciado como coerção mas como fonte do desabrochar e do bem- estar,
A natureza é considerada como o mais belo dos templos e os animais como nossos irmãos em via de evolução,
Há um Governo mundial, formado pelos dirigentes de todas as nações, trabalhando pelo interesse de toda a Humanidade,
A espiritualidade é um ideal e um modo de vida que tem sua fonte numa religião universal, baseada no conhecimento das leis divinas,
As relações humanas são fundadas no amor, na amizade e na fraternidade, de modo que o mundo inteiro vive em paz e harmonia.
Assim seja!
Paz é a "coincidentia oppositorum."
A Filosofia e a Arte são o caminho mais rápido para atingi-la.
É preciso esclarecer o conceito de utopia (u-topos, nenhum lugar - um mundo idealizado): está ligado a qualquer descrição imaginativa de uma sociedade ideal, fudamentada em leis justas e em instituições político-econômicas verdadeiramente comprometidas com o bem-estar da coletividade. Mas, por deturpação do sentido, assumiu um significado que atualmente tem o uso muito corrente, de projeto de natureza irrealizável, de idéia generosa, porém, impraticável, quimera, fantasia. Seria bom ler Platão.
Querendo ser mais acessíveis, para recuperar o sentido original, vamos recorrer
a uma quadra de Mário Quintana:
Das Utopias
Se as coisas são inatingíveis...ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A presença distante das estrelas
As estrelas estão distantes, porém, nada impede que elas nos orientem.
É preferível imaginar nosso futuro com utopias a imaginá-lo com tiranias
A educação no âmbito familiar, escolar e da mídia deveria ser orientada para a realização desse sonho.
Não vamos ser otimistas nem pessimistas demais. Se a sociedade está "cega" de acordo com a metáfora de José Saramago, o romancista, e de Fernando Meireles, o cineasta, em "Ensaio sobre a cegueira", aparece uma líder, uma mulher que tem visão no meio dos cegos e que consegue conduzi-los. Os artistas têm faro, são videntes. Pode ser um feliz presságio: o surgimento da líder que tanto necessitamos.
Não queremos insinuar nem dar receitas. Só queremos mostrar que não somos os únicos sonhadores. Há muitos outros. Vocês podem citar outros.
Concluímos com uma frase da escritora, Lúcia de Souza Raymundo, no livro Fases, elos e fantasias da vida, Niterói/RJ: Parthenon Centro de Arte e Cultura, 2007:
" O pessimista queixa-se do vento. O otimista espera que ele mude. O realista ajusta as velas.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

n° 01

INTRODUÇÃO



Ninguém é tão ignorante que não tenha nada para ensinar. Ninguém é tão sábio que não tenha nada para aprender.
Com este pensamento, vamos tentar a aprender e a ensinar.
“Que representa a Filosofia?
_ É uma das raras possibilidades da existência criadora. Seu dever inicial é tornar as coisas mais refletidas, mais profundas.” Martin Heidegger ( O grifo é nosso).
A Filosofia é um convite para a vida do homem em plenitude , como ser racional. O convite da Filosofia não é o de afastamento da vida; muito pelo contrário, o estudo da Filosofia alarga a visão e a dimensão da existência, em extensão e profundidade e, neste sentido, podemos dizer que filosofar é viver mais. Às idéias, acompanham o sentimento, a vontade , a ação.
Seu maior valor está em colocar corretamente um problema, está na discussão e no estabelecimento de uma consciência clara, sobre um problema fundamental. A “Filosofia: o Saber com Sabor” será adogmática. E combaterá as certezas inabaláveis


A Triangulação


Comecemos lendo um poema de Alberto Caieiro, heterônimo de Fernando Pessoa:

O guardador de rebanhos, XL
(de 07-o5-1904)

Passa uma borboleta por diante de mim.
E pela primeira vez no Universo eu reparo
que as borboletas não têm cor nem movimento
assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta.
No movimento da borboleta é o movimento que se move.
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta.
E a flor é apenas flor.


Toda visão do mundo está sujeita à lei do Triângulo.

Observem:
___________olho________folha________sol
___________percepção____objeto_______luz
A folha, que é o objeto, não é verde. A manifestaçãode uma energia fez o objeto absorver certos raios da luz e refletir outros que chamamos de verde.
Que é o arco-íris?
A realidade é o sonho do homem. E o sonho é a sua realidade.
O desenvolvimento para o saber superior deve começar por uma reflexão sobre o mundo dos objetos.
Dizemos que um pedaço de gelo é frio e que um pedaço de ferro, que ficou muito tempo exposto ao Sol, é quente. Na realidade, nosso corpo só sente calor ou frio, em relação a nossa própria temperatura. Nossa percepção objetiva se realiza pela consciência de uma diferença entre o objeto e nossos órgãos dos sentidos. Ela resulta desta dupla presença em que ela é o terceiro ponto do Triângulo.
O homem só pode perceber a parte do Universo que é regida pelo número Três. Três é uma chave de decodificação. Pelos olhos, pelo nariz, pelo ouvido, pela língua, pelo tato, ele está destinado a detectar o que o beneficia. É basicamente para sua sobrevivência que este sistema foi construído.
Na ausência das diferenças, que é de fato o Universo? Se abolíssemos de repente toda a percepção por triangulação, nos tornaríamos espectadores de um vasto campo indiferenciado. Talvez tivéssemos ultrapassado nosssas possibilidades e iríamos encontrar-nos face a face com o Verdadeiro. Que fascinante!
Entretanto, mesmo em nossa atual dimensão, não somos escravos dos sentidos.
Vejam:
----------Compensação
Amolação
aporrinhação
desgaste.
No mar, a colcha verde e branca
na barra esbarra
e se abre para o infinito.
Infinito vivo que está também
dentro do finito que é você.
No social, uma política como a do Presidente Lula que procura diminuir as diferenças . que é inclusiva, caminha para o "verdadeiro". Na religião, D. Helder Câmara caminhou na mesma direção. Ajudem-nos, procurem outros exemplos.
Mas afinal, que é a verdade?
Nando responde bem nesta trova:
_ "Que é a verdade? " _ "Não sei..."
pergunta a Jesus, Pilatos.
Jesus não sabe? Achei:
A verdade está nos fatos!
E Anna a define assim:
Algo que vemos ao longe,
quando estamos a sonhar,
chama-se verdade: o Monge,
o Santo de outro lugar.
______________________Crítica construtiva-----------------------------------------------