segunda-feira, 11 de junho de 2012

Nº 34 Avaliação dos textos sobre o consumismo


A senda de nossa vida é mutante e flexível, não há receitas, segui-la é abraçar  um processo probalístico e não fatalístico.

Com muita meditação, muita inspiração e transpiração, conseguiremos abrir, a cada novo instante, novos caminhos para nossa evolução maior.  Atingiremos um sábio discernimento, para atuarmos na sociedade técnico-burocrática de consumismo dirigido que é a nossa.

Apenas desejamos oferecer 03 tópicos para nossa reflexão:

1 - Será certo empregar o tempo precioso de nossa vida nos movimentando dentro deste círculo infernal?














2 - Os poetas são as antenas da humanidade.  Que lhe diz o seguinte poema de Carlos Drummond de Andrade?  Observe seu tom mordaz, próprio do estilo pós-modernista.


Eu, etiqueta

Em minha calça está grudado um nome
que não é meu de batismo ou de cartório,
um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
que jamais pus na boca, nesta vida.
Em minha camiseta, a marca de cigarro
que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produto
que nunca experimentei
mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
de alguma coisa não provada
por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
minha gravata e cinto e escova e pente,
meu corpo, minha xícara,
minha toalha de banho e sabonete,
meu isso, meu aquilo,
desde a cabeça ao bico dos sapatos,
são mensagens,
letras falantes,
gritos visuais,
ordens de uso, abuso, reincidência,
costume, hábito, premência,
indispensabilidade,
e fazem de mim homem-anúncio itinerante,
escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É doce estar na moda, ainda que a moda
seja negar minha identidade,
trocá-la por mil, açambarcando
todas as marcas registradas,
todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
eu que antes era e me sabia
tão diverso dos outros, tão mim-mesmo,
ser pensante, sentinte e solidário
com outros seres diversos e conscientes
da sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio,
ora vulgar ora bizarro,
em língua nacional ou em qualquer língua
(qualquer, principalmente).
E nisto me comprazo, tiro glória
de minha anulação.
Não sou - vê-la - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
para anunciar, para vender
em bares festas praias pérgulas piscinas,
e bem à vista exibo esta etiqueta
global no corpo que desiste
de ser veste e sandália de uma essência
tão viva, independente,
que moda ou subordo algum a compromete.
Onde terei jogado fora
meu gosto e capacidade de escolher,
minhas idiossincrasias tão pessoais,
tão minhas que no rosto se espelhavam,
e cada gesto, cada olhar,
cada vinco de roupa
resumia uma estética?
Hoje sou costura, sou tecido,
sou gravado de forma universal
saio da estamparia, não de casa,
da vitrina me tiram, recolocam,
objeto pulsante mas objeto
que se oferece como sígno de outros
objetos estéticos, tarifados.
Por me ostentar assim tão orgulhoso
de ser não eu, mas artigo industrial,
peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é coisa.
Eu sou a coisa, coisamente.


3 - Em que podemos relacionar o seguinte ensinamento com as postagens referidas deste Blog: 30, 31, 32 e 33?

A Iluminação Cósmica proporciona ao indivíduo o conhecimento de todas as coisas, pois sua fonte é a própria Consciência de Deus.

Na busca amorosa do Bem, às vezes, existe a dolorosa sensação de queda e privação, mas sem este amor a lei centrífuga nos dominaria completamente e baniria nossa alma para longe de sua fonte, às extremidades insensíveis do material e da multiplicidade.  Com este amor, o sábio reconhece a ideia do Bem em seu próprio interior, expandido seu ser para cima, rumo à fonte divina que flui dentro de si, isto é, reintegrando-se ao Uno Primitivo.

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