terça-feira, 7 de maio de 2013

N° 40 A BUSCA DA UNIDADE



Se você foi a nossa casa e viu só os móveis, a decoração, a arrumação, você não viu nossa casa. O principal estava invisível. O que a faz principalmente é o que a unifica, é aquilo que a liga a nós e a tudo, não é só a aparência, é a aparência mais a essência. Por isso quem entra lá sempre diz: Me sinto tão bem aqui!

Procuramos unir-nos a tudo, pelo exercício da filosofia e da poesia.

Foi Heráclito de Éfeso quem presumivelmente criou o termo filósofo. Em grego philosophos procede de philos que significa amigo e sóphon que significa sabedoria. Filósofo é, pois, o amante da sabedoria.

Onde está a sabedoria para que o filósofo com ela crie esses laços amorosos? A sabedoria está no Todo, é a realidade, são os seres em sua individualidade e em seu conjunto. Podemos traduzir sóphon como o Todo dos seres. O Todo dos seres se manifesta no pensamento, daí a filosofia está cheia de pensamentos.

Quando o filósofo está no todo como quem sabe ler a ordem nele inserida, como quem sabe corresponder nessa ordem à diferença de cada ser, possui a sabedoria, o sóphon. Para tanto o filósofo precisa perceber o UM que tudo une. Esse UM é a própria realidade, é a identidade diferenciada do que aparece, sempre pronta a cativar o pensamento. Por isso a filosofia é forçada a dizer para mostrar.

         Ora, preferimos mostrar esta nossa investigação do ser “dizendo-a” numa linguagem poética. A poesia é a iluminação do eu-interior, que se traduz com a linguagem poética. Assim sendo, criamos os poemas seguintes, seja na estética do belo ou na do feio, com a finalidade de facilitar nosso estudo. Ei-los:
                             
1.     UNIDADE/DUALIDADE

                 Temos em nós a alma
                 que é divina.
                 E temos a matéria
                            que sua
                            que come
                            que fede
                            que fode.
                 Temos que ser unos com a divindade.
                 É fogo!
                 Mas há o fogo do amor que pode unir,
                 porque amor é isto,
                 é união.
                 Quando uma célula procura outra,
                parecida com ela e diferente
                já é o amor que as move.
                Vida = materialidade-espiritualidade+divindade.

               “A carne é tão espiritual como o espírito é carnal”,
                disse Frei Beto, que está certo.

Esclarecimentos: Espírito é uma energia, uma essência existente em toda matéria e não somente no ser humano.

             O sopro de vida que Deus insuflou nas “narinas” do homem é a alma. É a parte anímica do homem que é a primeira manifestação de sua existência. O corpo físico é secundário, é o suporte da alma por um período pequeno de tempo. A alma é eterna.

        É exaltando a matéria que a Igreja Católica celebra anualmente a festa móvel que se chama Corpus Christi.

             Buscando a iluminação para nossos estudos com o Mestre dos Mestres,

2.  JESUS CRISTO

                          Um corvo negro pousa
                          numa antena do arranha-céu.
                          Sua cabeça parece arranhar o céu.
                          Diga-me, corvo, Jesus Cristo
                          está por aí?
                          está aqui?
                          Diga-me, ó corvo pretinho!

         Buscando a iluminação com os pássaros.

3. ASAS FILOSÓFICAS

                          Umas voam para o mar,
                          são as gaivotas pescando
                          para seu sustento.
                          Outras voam para a terra,
                          são os urubus procurando
                          a carniça para seu sustento.
                          Vida no mar, vida na podridão da terra!
                          Começo e fim se misturam.
                          Uns pra lá, outros pra cá,
                          sem perder a unidade.

            Recorrendo à beleza, ao poético.

4. ROSA E NEGRO

                          Uma nuvem cor de rosa
                          num céu ainda visível.
                          As gaivotas executam um bailado
                          em frente à nuvem cor-de-rosa.
                          O negro e o rosa.
                          A dança... ao longe, o mar.
                          Lindo!

                          Os homens-robôs não sentem
                          esta beleza.
                          A beleza é o prenúncio da poesia.
                          O poema é só um instrumento
                          material, para se exprimir a poesia.
                          A poesia para existir não precisa
                          do objeto belo nem do poema.                       
                          Ela é pura, só a sentimos
                          na iluminação de nosso eu-interior.

         Ela possibilita o poema, como a vida possibilita a biologia, o psiquismo a psicologia, a “sophia” a filosofia, a polis a política, o mito a mitologia, a fé a teologia. Em toda estrutura lateja uma força constituinte.

          A arte ensina a “meditar”: o simbólico nos impulsiona para a senda mística, para uma vida mais inspirada, mais plena, mais FELIZ.

           Apelando para o racional.

5.  SILOGISMOS

a)  O corpo do homem é finito.
 Ele recebe de Deus a alma infinita.
 Logo o homem é finito e in-finito.

b)  Deus não criou o Mal, só criou o Bem.
 O homem é uma criação de Deus.
 Logo o homem foi criado para ser bom.

       Tantas palavras! A filosofia é cheia de pensamentos e o pensamento é expresso em linguagem. O jovem de hoje (século XXI), preso à mídia, ao computador, vai se tornando ágrafo, dispersivo, não usa nem entende o discursivo, não ama a “sabedoria”, despreza a filosofia. É uma séria ameaça ao nosso mundo.

              Entretanto esta situação merece uma reflexão.

            Friedrich Nietzsche (1844-1900), filósofo alemão radical e altamente original, diz que “o nome é a mentira do mundo”. Realmente, o nome é deficiente. O pessoal, a experiência é o que vale. O nome vinho não embriaga. O nome Deus não ensina a ninguém o que é Deus. Você descobre pessoalmente nas esquinas da vida o que é Deus. Mas, se não o procurarmos com estudos místicos e exercícios místicos, não o descobriremos nunca.

            Eis o que verbalmente já conseguimos descobrir: Deus é o OUTRO. Nós também somos o OUTRO. O OUTRO separado não existe. Explicando melhor: somos UM com Deus e o percebemos na conexão com o TODO. O TODO cura todas as doenças. Quando nos separamos de Deus, cometemos um pecado. Deus não é uma pessoa branca que está sentada lá no céu. Como dissemos, só o percebemos quando nos conectamos com o TODO inclusive com “outra pessoa” que nunca é “outra”, somos nós mesmos.

          Está difícil? Vamos facilitar. A amizade é um sentimento precioso. Saboreamos maçãs e amoras com doces licores verdes que nossos queridos amigos nos trazem em bandejas de prata. Relaxe! Refresque a cuca. Sinta as faíscas da vida eterna em suas horas passageiras.

        Recebemos a luz do Ser Essencial (Deus), estamos translúcidos e podemos continuar estudando.

          Com as noções destas três últimas postagens, talvez você possa criar seus próprios modelos de meditação. De qualquer forma, vamos lhe dar alguns exemplos na próxima postagens.