Se você foi a nossa casa e viu só os móveis, a decoração,
a arrumação, você não viu nossa casa. O
principal estava invisível. O que a faz principalmente é o que a unifica, é
aquilo que a liga a nós e a tudo, não é só a aparência, é a aparência mais a
essência. Por isso quem entra lá sempre diz: Me sinto tão bem aqui!
Procuramos unir-nos a tudo, pelo exercício da
filosofia e da poesia.
Foi Heráclito de Éfeso quem presumivelmente criou o
termo filósofo. Em grego philosophos
procede de philos que significa amigo
e sóphon que significa sabedoria.
Filósofo é, pois, o amante da sabedoria.
Onde está a sabedoria para que o filósofo com ela crie
esses laços amorosos? A sabedoria está no Todo, é a realidade, são os seres em
sua individualidade e em seu conjunto. Podemos traduzir sóphon como o Todo dos seres. O Todo dos seres se manifesta no
pensamento, daí a filosofia está cheia de pensamentos.
Quando o filósofo está no todo como quem sabe ler a
ordem nele inserida, como quem sabe corresponder nessa ordem à diferença de
cada ser, possui a sabedoria, o sóphon. Para
tanto o filósofo precisa perceber o UM que tudo une. Esse UM é a própria
realidade, é a identidade diferenciada do que aparece, sempre pronta a cativar
o pensamento. Por
isso a filosofia é forçada a dizer para mostrar.
Ora, preferimos mostrar esta nossa
investigação do ser “dizendo-a” numa linguagem poética. A poesia é a iluminação
do eu-interior, que se traduz com a linguagem poética. Assim sendo, criamos os poemas
seguintes, seja na estética do belo ou na do feio, com a finalidade de
facilitar nosso estudo. Ei-los:
1.
UNIDADE/DUALIDADE
Temos em nós a alma
que é divina.
E temos a matéria
que sua
que come
que fede
que fode.
Temos que ser
unos com a divindade.
É fogo!
Mas há o fogo do amor que pode
unir,
porque amor é
isto,
é união.
Quando uma
célula procura outra,
parecida com
ela e diferente
já é o amor que
as move.
Vida =
materialidade-espiritualidade+divindade.
“A carne é tão
espiritual como o espírito é carnal”,
disse Frei
Beto, que está certo.
Esclarecimentos:
Espírito é uma energia, uma essência existente em toda matéria e não somente no
ser humano.
O sopro de vida que Deus insuflou
nas “narinas” do homem é a alma. É a parte anímica do homem que é a primeira
manifestação de sua existência. O corpo físico é secundário, é o suporte da
alma por um período pequeno de tempo. A alma é eterna.
É exaltando a matéria que a Igreja Católica celebra anualmente a festa
móvel que se chama Corpus Christi.
Buscando a iluminação
para nossos estudos com o Mestre dos Mestres,
2. JESUS
CRISTO
Um
corvo negro pousa
numa antena do arranha-céu.
Sua
cabeça parece arranhar o céu.
Diga-me, corvo, Jesus Cristo
está
por aí?
está aqui?
Diga-me, ó corvo pretinho!
Buscando a iluminação com os pássaros.
3. ASAS FILOSÓFICAS
Umas voam para o mar,
são as gaivotas pescando
para seu sustento.
Outras voam para a terra,
são os urubus procurando
a carniça para seu sustento.
Vida no mar, vida na podridão da terra!
Começo e fim se misturam.
Uns pra lá, outros pra cá,
sem perder a unidade.
Recorrendo à beleza, ao poético.
4. ROSA E NEGRO
Uma nuvem cor de rosa
num céu ainda visível.
As gaivotas executam um bailado
em frente à nuvem cor-de-rosa.
O negro e o rosa.
A dança... ao longe, o mar.
Lindo!
Os homens-robôs não sentem
esta beleza.
A beleza é o prenúncio da poesia.
O poema é só um instrumento
material, para se exprimir a
poesia.
A poesia para existir não precisa
do objeto belo nem do poema.
Ela é pura, só a sentimos
na iluminação de nosso eu-interior.
Ela possibilita o poema, como a
vida possibilita a biologia, o psiquismo a psicologia, a “sophia” a filosofia,
a polis a política, o mito a mitologia, a fé a teologia. Em toda estrutura
lateja uma força constituinte.
A arte ensina a “meditar”: o simbólico nos
impulsiona para a senda mística, para uma vida mais inspirada, mais plena, mais
FELIZ.
Apelando para o racional.
5. SILOGISMOS
a) O corpo do homem
é finito.
Ele
recebe de Deus a alma infinita.
Logo
o homem é finito e in-finito.
b) Deus não criou o
Mal, só criou o Bem.
O
homem é uma criação de Deus.
Logo
o homem foi criado para ser bom.
Tantas palavras! A
filosofia é cheia de pensamentos e o pensamento é expresso em linguagem. O
jovem de hoje (século XXI), preso à mídia, ao computador, vai se tornando
ágrafo, dispersivo, não usa nem entende o discursivo, não ama a “sabedoria”,
despreza a filosofia. É uma séria ameaça ao nosso mundo.
Entretanto esta situação
merece uma reflexão.
Friedrich Nietzsche (1844-1900),
filósofo alemão radical e altamente original, diz que “o nome é a mentira do
mundo”. Realmente, o nome é deficiente. O pessoal, a experiência é o que vale.
O nome vinho não embriaga. O nome Deus não ensina a ninguém o que é Deus. Você descobre pessoalmente nas esquinas da vida
o que é Deus. Mas, se não o procurarmos com estudos místicos e exercícios
místicos, não o descobriremos nunca.
Eis
o que verbalmente já conseguimos descobrir: Deus é o OUTRO. Nós também somos o OUTRO.
O OUTRO separado não existe. Explicando melhor: somos UM com
Deus e o percebemos na conexão com o TODO. O TODO cura todas as doenças. Quando
nos separamos de Deus, cometemos um pecado. Deus não é uma pessoa branca que
está sentada lá no céu. Como dissemos, só o percebemos quando nos conectamos
com o TODO inclusive com “outra pessoa” que nunca é “outra”, somos nós mesmos.
Está
difícil? Vamos facilitar. A amizade é um sentimento precioso. Saboreamos maçãs
e amoras com doces licores verdes que nossos queridos amigos nos trazem em
bandejas de prata. Relaxe! Refresque a cuca. Sinta as faíscas da vida eterna em
suas horas passageiras.
Recebemos
a luz do Ser Essencial (Deus), estamos translúcidos e podemos continuar
estudando.
Com as noções destas três últimas postagens, talvez você possa criar seus próprios modelos de meditação. De qualquer forma, vamos lhe dar alguns exemplos na próxima postagens.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça me critica construtiva.