segunda-feira, 17 de maio de 2010
Nº 14 No caminho da Luz, da Vida e do Amor
Continuamos combatendo a filosofia academicista e seguindo nosso método de considerar que "a felicidade é o principal objetivo da vida" e que as pessoas são felizes porque encontram e realizam o significado de sua própria existência. A felicidade não é um objeto a ser perseguido mas a consequência de uma vida com sentido.
Para não ficar só na abstração, vamos dar exemplos de alguns de nossos caminhos inspirados pelo triângulo da Luz, da Vida e do Amor.
Primeiro, fala Nando.
O FIO DE ARIADNE
Saindo das rotas rotineiras, dos rótulos, das restrições
ao fluxo da energia cósmica
o avião sobrevoou o bairro onde moro.
Céu azul de brigadeiro.
Meus caminhos e descaminhos viraram um cartão postal visto do alto. Eu tinha penetrado nos abismos daquele mar e voltado à superficialidae de suas praias muitas vezes.
Próximo da Pedra da Gávea, o avião se eleva, já me revelando a ascese que eu faria, distanciando-me dos desejos e apegos terrenos.
Na fuga ao Minotauro, seguindo o fio de Ariadne, encontrei a Morada do Silêncio na mata atlântica do Paraná. Fiquei emocionado ao me lembrar que eu iria habitar por alguns dias num recinto sagrado e que, junto com um grupo de amigos, poderia enviar vibrações de paz e prosperidade à imensa legião de miseráveis e aflitos que povoam a maior parte do mundo. Ao mesmo tempo, senti a minha responsabilidade de realizar uma obra assistencial aos mais infelizes.
Olho em volta. Tiro uns "flashes" poéticos.
O Sol brinca de colorir pedaços da paisagem:
placas de brilhante nas janelas do Santuário
areiazinhas lilases nas suas paredes
alvura incomparável no horizonte
matizes de verde na mata
bordada com flores de ouro
luzes nas gotas d'água da chuva
estrelinhas de prata saltitando
do Mar para a Serra.
No meio das estrelinhas, a presença
de um essênio de cabelos negros
e olhos de turquesa
a confirmar:
união do além com o aquém.
E vou caminhando, embriagado com as cores, os pefumes, a música...Topo com um insetinho,
em galanteios
vestido com uma capa de ágata
a metade verde vivo
a outra metade azul celeste.
Faz questão de me dizer bom-dia.
Bom-dia, amor. Você é uma belezinha!
Emissário do céu e da floresta.
Entro na Câmara da Paz
no altar, uma esperança.
Prenúncio de paz para todos os povos.
Saio para o Recanto da Luz.
Outra esperança. É demais!
Esperança, confiança nos avatares
da humanidade.
Leis imponderáveis do Universo.
Estudante do esoterismo como sou, lembro-me de um poema que escrevi.
REFLEXOS E REFLEXÕES
Você vê a maçã vermelha
o céu azul
o peixe nadando
o homem pensando
a criança sorrindo.
Você pensa que conhece o vermelho
o azul
o movimento
o pensamento
o sorriso.
Não se lembra que existe
uma só unidade primordial
refleletindo vermelhos, azuis, movimentos, pensamentos, sorrisos.
Maçãs, céus, peixes, homens, crianças
são partes, partículas majestosas de um todo, que se chama Deus.
Uma só origem de tudo que não está em lugar nenhum
e que está em toda parte
onde as palavras são sinfonias
e o quântico são nossos cânticos.
Não se lê o texto só no seu manifesto mas também no seu latente. Pensa-se a metafísica.
A realidade do homem não é o que é, é o que se pensa que é. É a realidade de um reflexo. O que há realmente é a energia divina que percebemos com nossos deficientes aparelhos sensoriais e, na maioria das vezes, numa percepção apressada, racional, egoística e cheia de preconceitos
Desprendidos do mundo utilitário, podemos sentir a magnitude do cosmos e unir-nos a nossos irmãos. Despojados de nossos velhos hábitos, a coisa-em-si resplandece diante de nós.
Não descartamos o aspecto sensorial, porque ele faz parte da relação física com o mundo, mas não podemos ignorar a emoção, a intuição, a espiritualidade.
Todos fazem parte de um mesmo "todo" e interagem o tempo inteiro.
Quando se toma contato com estes pricípios, fica-se atento às possibilidades que existem à nossa volta e as escolhas que oferecem. Se quisermos reverter a lógica da destruição, temos que adotar esta postura, fundamental para ampliar a espiritualidade e fazer com que se deixe de valorizar apenas o aspecto material da vida.
O minotauro não me devorou e achei o UNO.
Agora, Anna vai narrar sua VIAGEM DE CURA.
Passei por campos sorridentes e acolhedores. Penetrei na floresta e fui penetrando até encontrar o velho xamã na sua tenda de formato cônico, com uma porta triangular, um mastro central e nove varas muito bem amarradas para suster a estrutura, as paredes de barro, com muitos símbolos pintados e um buraco no topo para passar a fumaça. As cordas balançavam ao vento como bandeiras da Vitória. Senti naquela tenda, presa diretamente na Mãe Terra, as coisas familiares que alimentam meu sentido de Ser. A energia da Roda da Vida circulava em espiral. O xamã me fez repetir a frase: Om Namah Shivaya que significa: "Eu honro a divindade que existe em mim". Suas palavras fizeram meu corpo todo se arrepiar e também a pele de meu rosto. Depois me disse que tinha três presentes para mim.
Abri a primeira caixa. Continha uma boneca. Maravilhosa boneca loura com chapéu de seda enfeitado de rendas e vestido também de seda com casinhas de abelhas, ambos azuis. O presente tocou meu coração e ri às gargalhadas.
A seguir, Vovô Ketut, o xamã, me mandou pegar o outro presente. Era uma reluzente bola vermelha. No momento que a toquei, pulou para longe de minha mão e desceu quicando pelo declive. Corri atrás gargalhando até alcançá-la. Nisto passou o amigo gambá e o amigo macaquinho. Dançamos juntos e jogamos bola. Muito alegres, já não prestávamos mais atenção a nada, quando a bola entrou na tenda, bateu numa cesta e verifiquei pelo barulho que um vidro tinha-se quebrado.
Vovô disse que dentro da cesta estava meu terceiro presente. Abri o embrulho e lá estava um espelho em pedacinhos. Cada pedaço refletia minha imagem inteira. Compreendi que existem muitas facetas de minha personalidade que exibo para os outros, correspondem àquilo que desejo que os outros vejam. A forma de recuperar minha verdadeira imagem tem de começar na figura da menina brincando de bola e boneca, brinquedos que a vida aos poucos foi incendiando.
Deitei na grama e sonhei com bolas, bonecas, pianos, ioiôs coloridos, barcos de papel e um automovelzinho com buzina, no qual entrei para passear na calçada. A rua estava ladeada de amoreiras carregadas de frutinhas de rubi e com bichos-da- seda nutrindo-se das folhagens. Doçura e encantamento, um feliz regresso a minha infância.
Acordei, eu tinha que voltar. Beijei a mão do velho sábio e fiz a viagem de retorno, com a minha criança interior ressuscitada.
Tomei o bicho-da-seda como totem: uma lagarta tecedeira e que se transforma em borboleta há de me dar força e saúde.
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